Crise na saúde

Enfermeiros da Santa Casa de Pelotas entram em greve segunda-feira

Decisão foi tomada em assembleia geral no começo da tarde desta quinta-feira, em frente ao hospital

Jô Folha -

* Atualizada para acréscimo de informações

Cresce a tensão na Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. Os enfermeiros também irão entrar em greve. A decisão foi tomada em assembleia geral da categoria, no começo da tarde desta quinta-feira (7). A paralisação das atividades por tempo indeterminado começa a valer na segunda-feira, em respeito aos prazos legais para comunicar a direção do hospital. Com a posição, os enfermeiros unem-se a outros trabalhadores - como técnicos em Enfermagem e encarregados da higienização e da copa -, em greve desde 25 de fevereiro.

A expectativa é de que os serviços fiquem ainda mais comprometidos. Com as equipes reduzidas, uma média de apenas duas internações têm sido autorizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por dia. Os reflexos são visíveis: em levantamento do Conselho Municipal de Saúde, nesta manhã, havia 37 leitos clínicos desocupados; vagas que costumam suprir a demanda do Pronto-Socorro de Pelotas (PSP). E mais: as cirurgias eletivas, que não se enquadram em urgência e emergência, têm sido adiadas por falta de recursos - admite a Provedoria. A baixa ocupação, de novo, comprova a crise: havia apenas dez leitos de pós-cirúrgico ocupados na manhã desta quinta; outros 27 estavam vazios.

"A nossa categoria decidiu pela greve em função da prática recorrente de atraso nos salários, mas também pelas más condições de trabalho", ressalta o presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul, Estevão Finger. A falta de materiais básicos para os procedimentos, como fio de sutura e de luvas já foi denunciada, inclusive, por integrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Saúde de Pelotas (Sindisaúde), que têm registrado os problemas em vídeos e fotos nas redes sociais.
São situações que não só comprometem a atuação dos profissionais, mas podem colocar em risco os cuidados aos pacientes - temem as lideranças.

Impacto também nos convênios
Os reflexos da suspensão de atendimentos chegam também a usuários de convênios. Cirurgias eletivas traumatológicas e bariátricas já foram canceladas.

O que diz a Provedoria
O provedor da Santa Casa, Lauro Ferreira de Melo, confirma: nenhum repasse do Governo do Estado foi efetuado. O acumulado em atraso, desde setembro de 2018, já ultrapassa R$ 1,4 milhão. Nos últimos dias, entretanto, o hospital quitou os salários de janeiro e efetuou o pagamento de 30% dos salários de fevereiro.

Quanto à escassez de materiais em estoque, o provedor admite, mas assegura que os casos são pontuais em determinados setores. "Daí, busca-se, em outro (setor), o material. Com o déficit financeiro, estamos otimizando a aquisição e controlando o desperdício, garantindo que todos os procedimentos estejam com o material devido", afirma.

O argumento é totalmente refutado pela presidente do Sindisaúde, Bianca D´ Carla: "Isso não pode ocorrer. Se surgir uma urgência, como o profissional vai sair a percorrer o hospital para tentar conseguir o material em algum outro setor?"

Confira
* Levantamento do Conselho Municipal de Saúde - ocupação de leitos nesta quinta pela manhã:
- Clínicos: 21 ocupados e 37 vagos
- Cirurgia: 10 ocupados e 27 vagos
- Pediatria: 4 ocupados e 16 vagos
- Traumato (São José): 28 ocupados e 5 vagos
- Maternidade: 11 ocupados e 8 vagos
- UTI: 100% ocupada
- CTI: 4 ocupados e 2 vagos

* Dinheiro por chegar: Os R$ 574 mil, liberados através do Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados, Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos (Funafir), devem ser depositados ainda nesta semana. Foi a promessa feita à direção da Santa Casa, após assinar o contrato do empréstimo em 1º de março.

A destinação da verba - que equivale ao valor dos incentivos estaduais de janeiro e fevereiro - já está definida: será utilizada no pagamento de mais 20% dos salários de fevereiro e na compra de insumos, medicamentos e materiais. O empréstimo com o Banrisul tem carência de 12 meses e pode ser pago em 18 parcelas, com juros bancados pelo Governo do Estado.

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